A temporada regular da NFL está para começar, a abertura oficial é quinta-feira, dia 05/09, no jogo entre Denver Broncos e Baltimore Ravens, o atual campeão da NFL. Porém o New York Jets só estréia no domingo, dia 08/09, no jogo contra o Tampa Bay Bucaneers, no MetLife Stadium.
Para fazermos um esquenta para o inicio da temporada, batemos um papo com os dois Jets brasileiros mais conhecidos.
E Rodrigo Borges (@estadodecirco), jornalista, 36 anos, atualmente editor na ESPN e com passagens pelos jornais Lance! e Destak(...) e um dos criadores do blog Esporte Fino:
http://esportefino.cartacapital.com.br/.
Falamos com eles sobre tudo envolvendo o Jets, o bate-papo ficou muito bom e você acompanha agora:
Primeiramente, gostaríamos de agradecer por terem aceitado participar,
muito obrigado. A ideia é saber o que os dois torcedores dos Jets mais
conhecidos no país pensam sobre o time esse ano.
Vamos começar:
Por que Jets?
PM: No começo dos anos 90, eu era fã da série Anos Incríveis e o personagem
principal, Kevin Arnold, vivia com uma jaqueta dos Jets. Aquilo ficou marcado.
Depois, comecei a ver futebol americano em 1995/96 e quando decidi torcer mesmo
por um time, em 1998, os Jets estavam numa temporada espetacular, com Vinnie
Testaverde de QB, levando o time à final de conferência. Foi aí que passei a
torcer para o time de fato.
RB: Eu poderia dar vários motivos pra isso. Pelas cores, que
são as mesmas do Palmeiras, por ser o time do protagonista de uma série que eu
adorava na adolescência [Anos Incríveis], por ser de uma cidade incrível e
porque o nome é legal. Mas, no fundo, é tudo isso e não é nada disso. Eu
simplesmente me apaixonei pelos Jets. E pronto.
Como você acha que vai ser a nossa temporada?
Vergonhosa, ruim, mediana, boa ou ótima? Por quais motivos?
PM: De mediana para ruim. Infelizmente, Rex Ryan não tem controle do time.
Os jogadores não o respeitam, não respeitam a si próprios nem à tradição do clube.
É um elenco “envenenado”, independentemente do talento individual, que até
existe.
RB: Mediana. É um time que perdeu experiência em relação às temporadas
anteriores, que já não foram grande coisa. Não há um QB forte. Mas não acho que
vá ser uma vergonha, ao menos não na relação
de vitórias/derrotas.
O que esperar da nossa defesa essa temporada?
Seria ela a segunda versão da famosa defesa dos Jets na década de 80?
PM: Infelizmente, não. Com a saída de Darrelle Revis, perdemos muito. E o CB
recrutado no draft, Dee Milliner, não vem mostrando nada de especial. Cromartie,
apesar de talentoso, já dá mostras de que a idade pesa e também não temos um
grupo de safeties lá muito bons. Precisamos ainda de mais pass rush. Quinton
Coples é bom, mas não vai resolver o problema sozinho – ainda mais agora que se
machucou.
RB:
A batalha de QBs entre Geno e Sanchez vai ser
melhor do que a batalha que foi Sanchez e Tebow?
PM: Com certeza, porque Geno é um QB de verdade. Meu único medo é que seja
um “porcelana” – ou seja, daqueles que se machucam fácil. Detalhe: eu não acho
que Mark Sanchez seja “o culpado” de tudo nos Jets. Ele é limitado, mas poderia
funcionar bem num sistema especificamente montado para suas características.
Mas o Jets nunca fez isso e ele caiu no ridículo.
RB: Eu espero que exista uma disputa entre os QBs, na verdade. Porque na
temporada passada essa batalha simplesmente não existiu. Embora Geno não tenha
sido uma grande estrela na universidade e nem tenha ido bem na pré-temporada, acho
que Sanchez terá uma sombra. Coisa que Tebow jamais foi e nunca acreditei que
seria.
Qual dos dois vence a batalha e se torna o
titular?
PM: Geno Smith, sem dúvida. Se não se machucar.
RB: Por base na pré-temporada, Sanchez segue titular. Mas vamos ver como
Geno se adapta.
O projeto Sanchez foi um fiasco? Toda aquela
hype na época em que ele foi draftado atrapalhou em algo?
PM: Ele saiu muito cedo do College. Não fez nem duas temporadas inteiras lá
e já estava na NFL. Ou seja, pulou fases e deixou de aprender coisas
importantes, seja nos fundamentos de QB, seja no aspecto liderança. Não estava
preparado para a NFL e agora, para corrigir algo que começou errado, fica
difícil. Mas vejamos. Alex Smith está aí para provar que milagres acontecem...
RB: Não é justo classificar como fiasco um QB que nas duas primeiras
temporadas levou o time à final de conferência. E passando por times muito
fortes, como Colts e aqueles outros que não falo o nome [Patriots]. Mas o fato
é que Sanchez não evoluiu. Ele piorou com o tempo. Acho que a pressão fez mal a
ele. Quanto mais bobagens fazia, pior ficava.
Será Geno Smith o QB do Futuro para os Jets?
PM: Não sei. Não me parece um QB “sensacional”. Mas apenas bom. Acho
difícil.
RB: É uma aposta, mas não acredito nisso. Não vejo Geno como um cara para se
consolidar como QB em Nova York e levar o time à conquista de um Super Bowl que
não acontece desde 1969.
Para esse ano, qual a principal arma dos Jets
em sua opinião?
PM: Pergunta difícil... Sinceramente? Não consigo responder! Estou um pouco
pessimista.
RB:
Rex Ryan: futuro ídolo ou já passou da hora?
PM: Já passou da hora. Não entendo por que ele continua, sendo que o general
manager já disse que ele próprio vai dar seus pitacos na escolha do QB titular.
Nenhum HC que se preze aceita isso. Mas Ryan merece, porque nitidamente se
comportou como Coordenador de Defesa em toda a sua passagem pelos Jets,
negligenciando terrivelmente o ataque. Raramente ele agiu realmente como “Head
Coach”.
RB: Rex Ryan vai ter de virar o jogo para ser um ídolo. O desempenho
lamentável das últimas duas temporadas, jogados basicamente nas costas do
Sanchez e do ambiente do vestiário, também deve ser colocado na conta do
técnico. Não teria demitido, mas esta temporada é decisiva. Milagre Ryan não
vai fazer, mas precisa tirar da equipe o máximo que ela pode entregar. O que
não é muito, aliás.
Você acha que a mídia de NY atrapalha o time?
Se sim, como superar esse empecilho? Acha que se o time fosse situado em outra
cidade isso seria diferente?
PM: Sim, atrapalha. É uma imprensa louquinha para achar pelo em casca de
ovo. Assim como a torcida, que é exigente e vaia na hora errada. O caso do
Fireman Ed é emblemático. O torcedor-símbolo do time se “aposentou” porque os
outros torcedores o hostilizavam, achando que ele era “parte” da organização. Parece
coisa de torcida organizada brasileira. Lamentável.
RB: Se sofrer pouca pressão por parte da imprensa resultasse em sucesso do
time, o Jacksonville Jaguars iria pro Super Bowl todo ano. Time de um centro
importante precisa saber lidar com críticas duras e pressão, da imprensa e da
torcida.
Revis pode ser chamado de traidor? Foi bom ou
ruim ele ter ido embora? Tendo em mente que ele poderia sair de graça ao final
da temporada que vem.
PM: Bom, não foi. Mas não é traidor. Fez o que tinha que fazer, na minha
opinião.
RB: Não vejo traição alguma. Era um funcionário, trocou de emprego. Ponto.
Claro que é uma perda significativa, mas uma mexida no elenco era necessária.
Problema é que a mexida ficou pelo meio do caminho, precisaria ser mais
radical. O clima no vestiário era péssimo e muitas das peças que promoviam esse
clima certamente continuam no time.
Qual o rookie que pode trazer mais impacto
para o time? Geno Smith (QB), Sheldon Richardson (DL) ou Dee Milliner (CB)?
PM: Geno Smith.
RB: Tenho curiosidade de ver o Milliner nos
jogos pra valer. Mas nenhum deles me empolga muito.
Para esse ano, qual seria a melhor opção para
o time: tentar algo (Playoffs) ou tentar uma posição melhor para o próximo
draft, visando uma reconstrução?
PM: Nem pensar nessa coisa “melhor posição no draft”. Sou absolutamente
contra isso. É feio e antidesportivo. Temos que tentar um avanço em relação ao
ano passado. Nem que seja vencer um jogo a mais.
RB: Os Jets estão no pior momento possível para um time: imagino que consiga
de seis a oito vitórias. A equipe vai ficar fora dos playoffs e terá uma posição
apenas mediana no próximo draft. Mas não sou do tipo que torce por derrotas
propositais ou campanhas ruins por uma boa posição de draft.
Qual o ponto forte dos Jets para essa
temporada? Ataque ou defesa? E qual o melhor jogador de cada unidade?
PM: Não temos um ponto forte. Mas eu destacaria o LB Quinton Coples (se
estiver saudável) e o WR Stephen Hill.
RB: Acho difícil neste momento juntar as palavras “Jets” e “forte”.
Gostariam de mandar algum recado para a Gang
Green Brasil?
PM: Muita força e paciência. Vamos precisar!
RB: Companheiros, oremos.
Espero que tenham gostado do bate-papo. Ambos foram muito legais conosco e assim como toda Gang Green Brasil, estão sofrendo com os problemas do time e torcem por melhoras, para os dias de glória voltar. Agora é esperar o nosso amado time voltar a jogar e acompanhar sofridamente mais uma temporada. Todos juntos com paciência, porque logo, dias melhores virão.
Por Igor Guilherme